Sabes?

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Sabes? Sempre fui da opinião que só se escrevia quando se amava ou quando se sofria.

Sabes? Sempre fui da opinião que só se escrevia quando se amava ou quando se sofria.

Por um lado, quando se ama, tudo é mais colorido, mais mágico, entendes? Existe sempre uma musa que nos enche o peito e nos faz escrever mil estrofes e mil linhas.
Por outro, quando se sofre, bem, é o oposto. Perdem-se as cores para um cinzento esbatido, prolifera a chuva interior que nos faz deambular por estrofes lastimosas e linhas húmidas.

E quando se sofre por amor? Pois, multiplica tudo e, ao mesmo tempo, subtrai tudo por infinito. É o que sente uma pessoa que sofre por amor. Quando perde, perde tudo e sofre a multiplicar.
Quando erra, a conta da vida nunca dá certo. Também de que outra forma poderíamos sofrer? Só de fome…
No intervalo desses sentimentos, no hiatos sentimental, resta a apatia, o entorpecimento da alma e, por consequente, da mão que pega na caneta.
Sim, poderíamos fingir para o bem de escrever. Já alguém disse que o poeta é um fingidor, finge tão completamente que chega a fingir que é dor, a dor que deveras sente.

Sabes? Sempre achei que só se escrevia nessas duas alturas da vida: quando se amava e quando se sofria. Quando amamos, tomamos a musa e não cabe em nós tanta inspiração.
Quando sofremos, apenas queremos secar as lágrimas de uma alma fracturada que liberta a sua voz.
E escrevemos porque é o egoísmo de partilhar com o mundo o que se sente; é a mão dada a terceiros na tentativa de formar um sorriso.
“Ai Pessoa, ai pessoas…”