Se te desse a mão naquela chuva; naquela noite; naquela cidade; dirias que não? Fugirias com ela para longe? O que farias?, a curiosidade mata-me; a mão pende e sabe-te a direcção.
Sinto que se te tocar sem autorização, que estarei a cometer um crime e que, por esse crime, seja levado para os calabouços da tua ausência, da recusa.
Se te desse a mão naquela chuva; naquela noite; naquela cidade; dirias sim? E quem falaria? Tu ou a tua mão?
Ambas pendem e ambas conhecem a direcção, mas entre elas paira a dúvida e a indecisão – que uma delas se pode afastar.
Não, aceitaria a tua mão e embrulharia-a na minha, protegendo-a do frio dos dias que se tornam noite cada vez mais cedo, faríamos mímica de movimentos e pegaríamos em canetas invisíveis para escrever no chão coisas, sim, coisas, assim como as crianças desenham com giz ou pedras vadias e, então como elas, daríamos largas à imaginação.
E as nossas mãos dadas deixariam de ser mãos, mas coisas, outras coisas, qualquer coisa.
O que quisermos, “aceitas?”