Olhou-me de esguelha como se tivesse encadeada de um Sol.
“E nós…E nós não sei, Marco.”
“Teremos cuidado…”
“Temos de parar!”
“Não…”
“Marco.”
“O Padre sabe?”
Não respondeu.
“Não me podes julgar, então. E comes a hóstia.”
Também não respondeu. O Marco recuou e afastou-se da mulher.
“Vou… ver se ele quer beber um copo. Conversar.”
“Vais-lhe contar?” Ele sacudiu a cabeça. “Obrigado.”
Sorriram.
“Não custa nada, né? Pergunto-lhe como está, patati patata e já posso comer a hóstia. Não me vai julgar com a fúria divina?”
“Marco…”
Ele levantou as mãos para a apaziguar.
“Estou nervoso.”
“Não é preciso.”
O Marco passou para dentro do edifício e viu-a antes de descer as escadas.
“Se quiseres contar-me depois… Vens ter comigo.”
Talvez tenha sido por estar dentro de um lugar divino ou pelo choque daquele convite, mas o órgão que lhe dava a vida lançou-se contra o peito. Apertou a mão e espremeu-a. Por um breve segundo, sentiu o que era ser Padre… E sorriu-lhe.
“Não queres saber de mais? Fosses para Padre.”
Escrito por André Soares Pereira, um pseudo autor de ficção, entre outras coisas.
Sigam-no por aqui, mas não na rua, por favor.