Ler No Futuro — 2

Na segunda parte, conto onde leio mais.

Gostei de ver mais pessoas a optarem por leitores digitais!
E nesta segunda parte, voltarei ao tema porque também costumo ler noutros dispositivos com melhores e piores resultados.

Durante anos, quando andava na faculdade, tive de ler muito ao computador. Os manuais eram caríssimos e nem sempre havia a opção de os comprar na Casa das Folhas; os livros que acompanhavam algumas cadeiras eram muitos e nem sempre valia a pena investir para serem trabalhados numa aula e esquecidos; também tinha de ler vários contos para as cadeiras de literatura que não estavam publicados em livros.
A alternativa? O PDF.
E, durante esse tempo, nunca gostei de ler sentado ao computador, fazer scroll, scroll, scroll para avançar e sentir que não avancei nada.


Às tantas, achei que iria resolver o problema ao ler num portátil porque estaria a enganar os sentidos ao ter algo mais livro-ish nas mãos – também não funcionou.
Os readers têm um ecrã diferente, o ecrã E-Ink, que vem simular uma folha de papel comum em termos de cor, luz e consumo de energia. E ler num ecrã de computador é o oposto disso, e cansa mais a vista!
A gota de água foi quando tive de ler O Amor nos Tempos de Cólera e, sendo espertinho, decidi avançar com a leitura no portátil. Pior decisão da minha vida.
Esta leitura teve várias fases: oh não, outro livro para ler… scroll scroll scroll, oh, isto é mesmo fixe! scroll scroll scroll E, depois de várias posições desconfortáveis na cama e à secretária, não aguentei mais, fui à Amazon e comprei o livro. Dois dias depois estava a ler deitado, sentado, em pé, nos transportes e no raio que me partisse completamente viciado no livro. Acabei, vi o filme e, volta e meia, volto à obra à procura de partes para citar porque sou uma pessoa de cultura.

Sim, li em espanhol. Não, ainda não li mais nada do autor e quero resolvê-lo.

Amor del alma de la cintura para arriba y amor del cuerpo de la cintura para abajo .

La memoria del corazón elimina los malos recuerdos y magnifica los buenos, y gracias a ese artilugio logramos sobrellevar el pasado.

¿Y hasta cuándo cree usted que podemos seguir en este ir y venir del carajo? -Le preguntó.

Florentino Ariza tenía la respuesta preparada desde hacía cincuenta y tres años, siete meses, y once días con sus noches.

-Toda la vida -dijo.”

Odeio ler em computador, MAS, noventa por cento da minha banda desenhada foi lida assim.
The Walking Dead, Sandman, Y: The Last Man, Saga etc. Primeiro li num ecrã, depois comprei.
Li pouca manga japonesa, mas a que li também foi num ecrã.
Porquê? Pela acessibilidade. Pela facilidade de leitura. E porque é rápido. Em dez minutos podemos ter um volume lido e se for mau, é só fechar a página; se for bom, continua-se. Se for muito bom, compra-se! E posso dizer que nunca compraria Sandman se não tivesse lido antes.

Por último, a minha recente descoberta: ler num telemóvel.
Durante a minha baixa, era-me difícil ter uma posição confortável para estar ao computador ou ler um livro físico, portanto li bastante no reader. Só que à noite, com a luz apagada, enquanto não vinha o sono trocado, aninhava-me ao telemóvel para vaguear no reddit ou ler artigos no Medium, mas achava que não estava a ser produtivo enquanto podia estar a ler-ler alguma coisa.
Achei uma boa aplicação, encontrei uns livros curtos para testar a coisa e conheci Valter Hugo Mãe, com o seu Filho de Mil Homens.
Comecei por ter flashbacks dos meus tempos a ler num computador, mas rapidamente sumiram quando a história se tornou boa em mim e quando dei pelas páginas a escorrerem, acabei o livro. Era mesmo curto. Depois li o On Writing, de Stephen King, e o On The Road, de Jack Kerouac. Neste momento, estou a ler Mistborn de Brandon Sanderson e a adorar para ser uma compra certa!

Não descobri a pólvora seca debaixo de água, mas para quem tinha de fazer trinta por uma linha para estar entretido na cama, no centro de saúde ou nas viagens entre casa-médico, foi uma descoberta bonita.
E pronto, era isto. Tenho sempre receio de me esquecer de algo, mas está tudo e para a semana há mais!

Iá, e se o mal ganhasse?