Ler No Futuro — 3

A terceira e última parte será rápida, até porque ainda a estou a explorar. Falo dos audiobooks.



Acontece que sem saber o que era um audiobook, já tinha ouvido um: World War Z porque adorei o livro!
Mas ignorem o filme, por favor. Não tem nada a ver com o livro. Um é uma abordagem mais “séria”, política e científica a uma possível pandemia zombie, o outro é um péssimo filme cheio de mau CGI.
E ei!, até vai bem com os dias de hoje. Se alguém voltar a esta entrada daqui a uns meses, ou anos, que fique a saber que também passámos por uma pandemia, o COVID-19, que nos fez ficar em casa a fim de evitar novos contágios.

Após aquela breve experiência, que durou uma viagem de carro de Lisboa a Viseu, nunca mais pensei no assunto até que duas amigas foram operadas aos olhos e tiveram de andar com a vista coberta por vários dias.
Por não poderem ver séries ou ler, a alternativa foi os audiobooks e ouviram bastantes, ou pelo menos, uma ouviu. E passou-me o bichinho.
Comecei a ver a coisa com curiosidade, encontrei uns livros narrados por Neil Gaiman e ataquei o Norse Mythology. E posso dizer que até ouviria o homem a narrar uma lista telefónica, que voz encantadora!

À medida que ouvia mais audiobooks, fui-me apercebendo de que estes não eram compatíveis com o trabalho. Estar a ler e-mails, documentos e a escrever enquanto ouvia alguém a falar distraía imenso. Nem prestava atenção a nenhuma das coisas, e voltei à música…
Mas, desde que saí da baixa e comecei a dar voltas pelo bairro para esticar as pernas que o reader ficou em casa para começar a ouvir os audiobooks que não conseguia no trabalho.
Até que fui reparando que as minhas voltas iam demorando mais. Chegava ao fim, virava para ali, continuava, voltava, enfiava-me em sítios novos e ia conhecendo sítios e livros novos. E era incrível o quão imersivo chegava a ser – tanto a leitura como o passeio. Li outro Gaiman, li a biografia da Felicia Day, li The Fall of Gondolin (e haviam de ver as minhas expressões durante as partes mais dramáticas…)
Era como se alguém me estivesse a contar uma história. Sim, eu descobri a pólvora seca!

E porque não queria interromper a leitura, comecei a arrumar a casa a ouvir mais; a cozinhar a ouvir mais e, durante aqueles jogos mais chatos e difíceis de avançar, ouvi mais!
E é assim que vou entrar em isolamento, a ouvir Salem’s Lot, de Stephen King.

Mas uma coisa que reparei, é-me muito mais fácil ouvir audiobooks narrados por americanos. Preciso de legendas para os ingleses… Desculpa, Gaiman.