Começo as análises com um jogo que nem estava na lista do backlog, mas que terminei há pouco tempo.
E porque surgiu do nada, o título Random Encounter é mais do que adequado. Em bom português quer dizer encontros aleatórios, mas não soa tão bem; é uma expressão conhecida para quem joga RPG e que já me dá alguma ansiedade: estou quase a sair da masmorra, pimba, um combate!
Spider-Man (da Insomniac Games) saiu em 2018, mas só agora é que lhe peguei.
Confesso que não tinha interesse em jogá-lo, mas depois da desilusão dos Avengers, quis tirar esta teima. E a teima foi tirada: dá um baile ao outro, que não é difícil, tanto em enredo como a nível técnico. É a diferença entre criar um algo com visão e dedicação e criar por criar. É um bom jogo, mas não tão bom como o pintam.
Este Spider é um jogo na sua essência e é bem divertido; percorrer Nova Iorque de teia em teia é uma experiência que nenhum outro jogo pode repetir. Se uso e abuso do fast travel noutros, aqui deu-me um gozo do caraças atravessar o mapa como um verdadeiro aranhiço. E quando não estamos no ar ou a correr pelos prédios, estamos a arrear em bandidos que insistem em ser criminosos numa cidade super-mega-hiper-protegida pelos heróis mais heroicos do universo – mas porquê? Perderam alguma aposta? Entendo os vilões, os loucos e os mutantes, mas se assaltam uma mercearia, estão pedir uma teia no focinho.
Carne para canhão porque o combate é tão bom, tão livre e acessível para que possamos ser os melhores acrobatas da tareia.

Vamos voltar à aranha-fria: Spider-Man também podia ser melhor.
Eu não sou o maior fã de mundos abertos ou sandboxes porque estes mundos costumam ser vazios, desinteressantes ou cheios de entulho artificial para prolongar as horas de jogo e os que gostei, gostei porque as estórias eram mesmo, mesmo boas (The Witcher 3 e Ghost of Tsushima)! Ainda assim, evitei toda a palha para me focar na polpa.
Já a polpa deste Spider-Man até que começa bem, sem origens mais do que batidas, ao atirar-nos para a parte funda da piscina contra o vilão Fisk, que serve como introdução aos controlos e mecânicas. Depois, estamos por nossa conta num enorme recreio nova-iorquino com bastante para fazer e ver! A cidade está repleta de habitantes a precisar de ajuda, assaltos, conflitos e demais emergências a ocorrer; também há itens para apanhar e desafios por completar; há easter eggs do universo Marvel para descobrir e mil e uma desculpas para baloiçar de um lado para o outro com um fato diferente em cada missão. Não me julguem.
Então, do que não gostei? Sinto que pecou onde os mundos abertos genéricos pecam: perdeu-se.
Se começou bem, introduziu vilões e motivações interessantes, com revelações e socos emocionais bem executados, às tantas já tinha demasiadas pontas soltas por resolver e, quando o jogo podia finalmente terminar, continuou, meteu mais vilões para desaparecerem logo a seguir e até enfiou umas quantas cenas depois dos créditos. Parece a trilogia do Raimi!
Mais nem sempre é melhor, mas admito e invejo uma coisa: se alguém que não conheça as histórias do aranha for jogar às cegas, vai adorar e ficar parvo com os momentos finais.
Nunca li uma comic, tudo o que sei, aprendi com os filmes, mas mesmo assim gostei do que me serviram, apenas sugeria cortarem um pouco da gordura.

Apanhei com alguns bugs, mas nada por aí além. Se o jogarem na PS4 estarão a jogar a melhor versão porque apesar de os gráficos da nova geração prometerem ser melhores, a nova cara do Peter é escusada e, francamente, um bocadito pior. Quanto à expansão do Miles, vamos a ela!

Abri esta análise, vi as imagens do Peter antigo e vieram-me as lágrimas aos olhos. É verdade, acabei a expansão do Miles já com a cara nova, mais tom-hollandizada. Nada contra o puto, gosto dos filmes dele (só não me façam falar do trailer do Uncharted), mas não entendo a mudança. Entendo, vá. E não entendo. Parece um adulto com cabeça de criança e é muito estranho.
Só espero que não mudem o Drake quando estrear o novo filme.
OK, e esta expansão, que tal? É engraçada, mas percebi uma coisa. Não fiquei fã dos jogos dos dois aranhiços.
Não são maus jogos. Pelo contrário, para o que são e propõem, são jogos fantásticos! Quem é fã das BD, pode bem viver aqui uma fantasia que faz justiça ao herói. Agora que estou a jogar Guardians, vejo que este é um jogo mais para mim e sem problema!
É bom ver os fãs de Batman com excelentes jogos, os fãs da aranha com excelentes jogos, mas não me diverti como na primeira parte e a primeira parte também não me foi assim tão divertida, para além de atravessar a cidade de teia. Travessar a cidade de teia será sempre, mas sempre divertido. Primeiros jogos em que não usei fast travel.
Uma coisa: adorei o Miles do Spider-Verse e acho que não consegui separar os dois, daí ter-me irritado com a voz do actor. Mas gostei de conhecer este mundo e as pessoas que lá habitavam e como era tão inclusivo sem me parecer forçado.
Como sou um fraco por dramatismos e sacrifícios heróicos, cheguei ao final desta mini aventura com um sorriso na cara e uma lagrimazita no canto do olho. Agora, duas questões: Joguei com o fato do gato? Joguei. Como raio achavam que ia jogar? Segundo, vou à sequela? Epá, não sei. Se o jogo me aparecer cá em casa, sim. Mas agora vou ao espaço.