Dia 2 – Fato
Levou uma colher à boca e deixou-se ficar com o caldo quente na língua. A estalagem continuava calada porque ninguém ousava quebrar o luto. De quando a quando, ouvia-se uma voz mais alta do álcool, mas era rapidamente calada pelos olhares dos outros.
Anara reconhecia ali os dois lados no luto: o do silêncio ensurdecedor e dos que precisavam de se expressar; de chorar alto; de gritar; de conversar consigo – e a viúva era uma delas, a puxar quem a quisesse ouvir porque não conseguia decidir a cor do fato para enterrar o marido.
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